Thursday 7 June 2012

NAT 'KING' COLE - April 1959


Nat 'King' Cole desembarca em São Paulo with Paulinho Machado de Carvalho right behind him.
Nat chats with Brazilian producer Roberto Corte Real at the Voice of America in Washington

N A T   “K I N G”   C O L E    I N    B R A Z I L  -   A B R I L   1 9 5 9   

reportagem do jornal 'Ultima Hora' de São Paulo

2 ABR 1959 – 5a. – A menina BRENDA LEE não existe!   O cronista e disc-jockey Miguel Vaccaro Netto dá um “furo” em sua coluna afirmando que Brenda Lee não existe:  Lendo a revista norte-americana“Metronome" deparei com comentário de que Brenda Lee não existe. Tudo não passa de um truque bem feito pelos tecnicos da Decca Records. Colocando-se a gravação 78 r.p.m. em 45 r.p.m. ouve-se uma voz grossa e que [de acordo com a citação do comentário] é a original; aliás,cantor com o mesmo timbre vocal de Louis Armstrong. Assim muito bem“bolada” a “aparição” da menininha de 9 anos, que, na verdade não existe. Esses americanos são capazes de fazer o Capeta gravar,contanto que vendam discos.

N.B.: Miguel Vaccaro Netto, obviamente, 'viajou na mayonese' qdo. escreveu tanta asneira em sua coluna no 'Ultima Hora'. O pior é que Miguel, quando se certificou da 'existência de Brenda Lee', não se desculpou publicamente por seus erros crassos.


6 ABR 1959 – 2a. – Brenda Lee NÃO existe:  farsa bem feita para vender discos.  MVN continua a bater na tecla de Brenda Lee é uma farsa.  Diz que 'Jambalaya , lançada pela Decca em Fevereiro de 1959 játinha sido gravada antes pelo autor Hank Williams. Tudo com chamada na 1a. página e materia de página inteira no tablóide UH.

9 ABR 1959 – 5a. – Brenda Lee, garôta-fantasma!  Miguel Vaccaro Netto ataca Walter Silva, disc-jockey da radio Bandeirantes PRH 9, que [provavelmente] o desafiou a provar que Brenda Lee é “fantasma” realmente.  Vaccaro insulta o “Pica-pau” o quanto pode, chamando-o de “menino de calças-compridas”; “mero divulgador de gravadora” que se tornou disc-jockey sem talento;  dizendo que aqueles que tem nome de Silva deveriam de envergonhar dele e no final revelando o nome do atacado: “walter”, com letra minúscula.

Nat King Cole canta no Maracanãzinho.

11 ABR 1959 – Sáb. – Um REI no RIO:  brotos desmaiam. NAT “KING”COLE, o maior cartaz da musica norte-americana da atualidade.

CHEGADA AO RIO:  Eram 14 horas e 3 minutos quando o aparelho da Pan-American, procedente de Caracas, pousou no Galeão.  Mal a porta se abriu os fãs que se encontravam no terraço e na pisto do aeroporto começaram a agitar frenèticamente suas bandeirinhas, repetindo em coro “Welcome Nat King Cole”. Somente após o desembarque dos passageiros [comuns] é que o famoso cantor popular norte-americano apareceu no alto da escada do avião.  Vestia um terno cinza, gravatinha preta e camisa branca. Quando viu a multidão que o aguardava, deu um  grande sorriso e acenou com a mão direita. “I am very glad to be here”, foram suas primeiras palavras ao cumprimentar Carlos Machado, que não escondia o contentamento.  Metralhado pelos flashes dos fotógrafos, Nat dirigiu-se para a alfândega, só a muito custo conseguindo atravessar a pista do Galeão.  Quando o sr. Oscar Ornstein, “public-relations” do Copacabana Palace, se aproximou para dar-lhe um abraço, o artista nem percebeu o gesto e prosseguiu.

ENTREVISTA:  Declarou-se felicíssimo com essa oportunidade de conhecer o Brasil, dizendo que já prepara duas melodias brasileiras para nossas platéias.  São elas “Não tenho lágrimas” e “Na Baixa do Sapateiro” (essa ultima nunca chegou a gravar).  A pedido das pessoas presentes, cantarolou rapidamente a primeira, provocando com isso o entusiasmo dos fãs.   Em resposta a outra pergunta, o cantor americano explicou porque deixara o “jazz” e passara a cantar musicas populares.  “O público é que gosta de musica popular.  Tive que submeter-me aos gostos dos meus fãs.  Do contrário teria decepcionado a todos e hoje não seria um cantor afamado.  Assim é a vida de artista.”  Sobre cinema, esclareceu que seus 2 últimos filmes foram “Saint Louis Blues” [“Lamento negro”] e “Lady of a quarter moon”, que deverão ser lançados brevemente no Brasil. “Prefiro cantar para gravações de que para filmes – frisou.  O sucesso é maior e permanente.”


 O Presidente da República se encanta com o Rei... no Palácio das Laranjeiras.

O REI E O PRESIDENTE:   Nat King Cole foi recebido pelo sr. Juscelino Kubitschek, Presidente da República, as 19:30 em audiência especial no Palácio das Laranjeiras.   JK saudou o famoso cantor com um sonoro “How do you do? I’m very happy to see you”.  Nat estava acompanhado de Maria Ellington, sua esposa e Carlos Gastal, seu “manager”.  O Presidente disse-lhe que o Brasil esperava com ansiedade sua visita. O cantor sentiu-se lisonjeado, agradeceu e   aproveitou a oportunidade para entregar 2 pacotes contendo coleções de discos seus, autografados, para Márcia e Maristela, suas fãs.  Em seguida sentou-se ao piano e tocou “Fascination”, cantando com aquela voz que Deus lhe deu. O Presidente ouviu-o com a maior atenção e aplaudiu-o efusivamente ao fim. Nat convidou o sr. Juscelino Kubitschek para assistir o espetáculo a preços populares que se realizará no Maracanãzinho, sexta-feira [17 Abril].  O Presidente perguntou incisivo:  - “O que você chama de popular?  Qual o preço?.”  E Nat: “A entrada custa 60 cruzeiros.”  O sr. JK sorriu irônicamente, como quem acha caro e disse que talvez fosse, se arranjasse tempo.

O famoso cantor “colored” veste-se com apuro.  Se vivesse no Rio de Janeiro, por certo seria um dos 10 mais elegantes.  Acessível ao extremo, deixou-se fotografar, televisionar e respondeu todas as perguntas dos jornalistas presentes. Despedindo-se do Presidente com um “Até breve!”, Nat voltou para o Hotel Copacabana para um jantar íntimo com sua esposa e o casal Carlos Gastal, queixando-se que estava extremamente cansado.  Não prometeu, mas disse que talvez fosse à exibição especial do filme “Lamento negro” [“St.Louis Blues”], onde interpreta a figura do também grande W.C. Handy, compositor famoso. Essa exibição feita no Cine Florida terá início à meia-noite.

Eartha Kittt & Nat King Cole in 'St. Louis Blues' (Lamento Negro)

15 ABR 1959 – 4a.  – Entrevista com Nat King Cole:  Qual o cantor/cantora de seu país que você mais aprecia?  Nat não titubeou: “Em primeiro lugar Ella Fitzgerald;  muitos outros se seguem. São tantos que me parece difícil lembrar, de momento.”   

Os acompanhantes musicais de Nat são: John Collins  [guitarra] – nascido em 1913, está com NKC desde 1951. Lee Young  [baterista] – irmão do famoso trombonista Lester Young, nasceu em New Orleans em 1917 e está com NKC desde Junho de 1953. Charles Harris [contra-baixo]. Acompanham o cantor ainda Arthur Smith e Irving Bush.  As informações são da coluna de Miguel Vaccaro Netto.


Apresentações POPULARES* de Nat King Cole na cidade do Rio de Janeiro-DF.

17 ABRIL 1959 – 6a. feira     21:00 horas no Maracanãzinho;  lotação: 20.000 pessoas
18 ABRIL 1959 – sáb. -  21:00 no Ginásio do Tijuca Tenis Clube; lotação:  11.000 pessoas
19 ABRIL 1959 – dom.  -  16:00 no Maracanãzinho;  lotação:  20.000 pessoas; 21:00 em seu 3º show no Maracanãzinho:  lotação 20.000 pessoas.  [60 cruzeiros nas arquibancadas]

* não estão aí as apresentações de Nat no Golden Room do Copacabana Palace.

Nat canta no Golden Room do Copacabana Palace, Rio de Janeiro.

17 ABR 1959 – 6a. -  Coluna de Odete Lara:  Nat King Cole já não agüenta mais tanta bajulação.  O “Rei” é simpatico e inteligente.  Foi muito agradável o cocktail que o sr. Harry Stone ofereceu em sua residência, em homenagem a Nat King Cole. O entardecer era muito quente e os convidados preferiram se reunir no parque situado no fundo da residência.  NKC, muito britânico, chegou à hora certa, enquanto que a maioria dos convidados chegariam mais tarde.  De qualquer maneira, nesse dia Nat se encontrava de ótimo humor e a reunião tornou-se agradável.  Estavam presentes quase todos os cronistas do Rio, entre eles Sergio Porto, cada vez com maior sucesso aqui, e Carlos Renato. Os atores Cyll Farney, Miro Cerni, Fernando Pereira, Sonia Dutra, as irmãs Marinho e Aída Campos. Grande Otelo ao chegar chamou todas as atenções e fez poses as mais excêntricas, ao lado de Nat.  A reunião  prolongou-se até as 22 horas. Harry Stone e sua esposa o receberam com muita cordialidade. Nat é simpático e, sobretudo vê-se que é um homem inteligente. Por vêzes, os observadores psicológicos podem notar que ele se enfada um pouco da excessiva badalação e sente vontade de estar um minuto consigo próprio.  

A atenção que o público daqui dedica à Nat é desconcertante. É um flagrante completo do provincialismo em que vivemos. Nota-se que Nat, mundialmente conhecido, ainda não tinha provado esse tipo de idolatria.  Às vezes, vêem-se grandes figurões, homens de responsabilidade e nome badalando humildemente Nat, e na fisionomia deste, pode-se verificar a sensação de superioridade que sente diante de tão numerosos súditos.  Outro dia, por exemplo, o sr. Carlos Machado apresentou no programa “Super Show”, um trecho filmado da visita do cantor à sua residência.  Era evidente a falta de assunto e cansaço de Nat e era evidente também a animação do sr. Carlos Machado querendo desdobrar-se para servir o cantor.  Ao fim da reunião, o sr. Carlos Machado muito  humildemente, vestiu o paletó em NKC, que até então estava em mangas de camisa, devido ao intenso calor. Aliás, já é conhecida a reação de Nat em qualquer lugar:  se não houver ar refrigerado, pede para voltar imediatamente ao hotel, por não suportar os 40 graus que tem feito aqui no Rio.

20 ABR 1959 – 2a. – Coluna de Odete Lara:  NATHANIEL – Depois que Nat King Cole gravou um disco na Odeon em português, passou a ser chamado por Nathaniel Reis Colé.  Mais de 20.000 pessoas compareceram e deliraram no Maracanãzinho [17 Abril], ouvindo Nat.  Posso afirmar que Nat é um sucesso visto pela TV, mas pessoalmente, no Copacabana Palace, é ainda maior. Toda a amplidão do Golden Room emudece tumularmente quando Nat canta.  Ele de fato é hipnotizador de platéias.  Sua classe é invulgar.  Na noite que estive presente no Copacabana, cada vez que um seu numero chegava ao fim, os gritos e aplausos eram  delirantes. Quando cantava “Fascination”, “Too young” e “Monalisa” o ambiente chegava a parecer-se com auditório de Emilinha Borba. No meio de tanta gente fina, não se furtava a presença de algumas macacas.

O que mais caracteriza Nat, a meu ver, não é exatamente a voz, mas é sua harmonia melódica. Todo ele é uma harmonia. Seus gestos, seu olhar, seu andar, sua interpretação, sua maneira de falar é a mais equilibrada harmonia que já pude assistir. Sua classe é de deixar muitos nobres londrinos com complexo de inferioridade.   Personalidade absoluta.

21 ABR 1959 – 3a.  -  “King” Cole é o Rei:  Carnaval no Aeroporto. Multidão invadiu Congonhas para ver o cantor.  Em entrevista coletiva no salão de festas da Sears Roebuck, Nat apareceu as 19:30 ao lado da esposa, além de Paulinho Machado de Carvalho e Ronaldo Turnbull. Quanto ao repertório, disse que não cantará músicas brasileiras enquanto estiver aqui. Estes números estão incluídos em um LP que gravou no Rio, com músicos brasileiros, no estúdio da Odeon.  Diz-se que Paulo Machado de Carvalho Filho pagará 5 milhões de cruzeiros para as apresentações de Nat King Cole só em São Paulo, com o apoio comercial dos Biscoitos Aymoré e Agência de Propaganda Orion.

Nat is petted by Marlene...
Manchete de 25 Abril 1959; as Carlos Estevão character on 'O Cruzeiro'.
Ary Barroso pays his respect to Nat King Cole in Rio.

NAT “KING” COLE  no TEATRO PARAMOUNT de  SÃO PAULO

21 Abril – Terça                20:00 e 22:00   21:15  transmissão pelo Canal 7
22 Abril – Quarta       20:00 e 22:00   21:15  transmissão pela Radio Record e Rede
23 Abril – Quinta       20:00 e 22:00   21:15  transmissão pelo Canal 7
24 Abril – Sexta                20:00 e 22:00   21:15  transmissão pela Radio Record e Rede
25 Abril – Sábado       16:00 Vesperal para moças -  21:00 programa de despedida.

Preços no Teatro Paramount:  Frisa:  Cr$ 3.000;  Camarote: Cr$ 1.200;   Poltronas:                       1º setor: Cr$ 500;  2º setor:  Cr$ 400;  3º setor:  Cr$ 350 .

22 ABR 1959 - 4a. -  King Cole sem reservas:  No Brasil há preconceito racial. Entre uma melodia e outra, o popular cantor Nat King Cole conversou com o repórter mais de 2 horas durante o ensaio no Teatro Paramount.  Mostrou realmente ser um homem simpático, agradável e sorridente. Quando respondia, geralmente perguntava duas vêzes. Era o tempo que queria para pensar. De camisa esporte, piteira e um medalhão de São Cristóvão preso, junto à sua aliança de casamento, em uma corrente no pescoço.  Sorvia grandes goles de cerveja gelada e foi falando:

PROTESTANTE:  “Meu pai é ministro Batista – disse – e minha mãe foi regente do coral de uma igreja em minha terra.  Até há pouco mais de 6 anos [1952], eu seguia a mesma seita.  Mas, minha esposa Maria é protestante Episcopal.  Por ela, converti-me.”

KING” veio de velha canção:  E a origem de “King” em seu nome? “Existe uma velha canção norte-americana chamada “Old King Cole” – respondeu – adorada pelas crianças.  Data, talvez, de 1801.  Meu nome verdadeiro é Nathaniel Adams Coles.  Assim resolvi cortar o S de Coles e acrescentar o “King” da velha canção.  Daí nasceu o Nat “King” Cole.”

PRECONCEITO RACIAL NO BRASIL:  “Me mostrei interessado em manter contato com pessoas de cor com atuação significativa na vida pública, intelectual ou científica do Brasil.  A informação que recebi me deu entender que, apesar de não existir segregação racial nos modelos do meu país, existe uma segregação econômica contra as pessoas de cor, o que lhes dificulta a ascenção social.”
'O amigo da Onça' d' 'O Cruzeiro' só veio a confirmar o que Nat falou. 

Coluna de Dona Yá Yá:  Nat King Cole não teve permissão para cantar em espanhol ou outro qualquer idioma que não fôsse o inglês;  advertência esta feita em contrato pois ia ficar muito chato para os frequentadores de uma casa da categoria do Capacabana ouvir o “Cachito” e outras “presepadas”, que com toda certeza seremos brindados apesar da torcida que estamos fazendo em sentido contrário.

24 ABRI 1959 – 6a. – NKC recebe menino Celso de cinco anos e canta “Cachito”.  Matéria de página inteira no tablóide UH sobre o encontro do menino de 5 anos que é fã do cantor.  Fotos de Paulo Salomão.

27 ABR 1959 – 2a. -  KING COLE:  Encantado com o Brasil: voltarei!  Nat King Cole embarcou ontem as 12:50 à bordo de avião da SAS de prefixo SE-CCO com destino a Montevideo, Uruguay.

Nat at restaurant Don Fabrizio in Santos-SP. 
daily 'O Estado de S.Paulo' 11 April 1959.
'Revista do Radio' 30 May 1959 - positive review of Nat's recital at Teatro Paramount in Sao Paulo that was broadcast by TV Record. 
o resultado da visita de Nat à America Latina é esta pérola...

A imprensa carioca e a passagem de NAT COLE ao Rio de Janeiro

'Diário Carioca' – 19 Abril 1959 - Discos – colunista: Alberto Rego:

Nat King Cole, que está alcançando extraordinário sucesso em suas apresentações artísticas nesta capital, gravou, terça-feira passada, nos estúdios da Odeon, alguns números que integrarão seu LP que será editado em nosso país. Como já era de se esperar, o empresário do cantor norte-americano não permitiu nenhuma pessoa estranha nos estúdios, tendo sido barrados inúmeros jornalistas, disc-jockeys, cinegrafistas e até mesmo cantores brasileiros do cast da Odeon, entre eles, o astro Anísio Silva.

'O Jornal'  21 Abril 1959 - Música Popular – colunista: Ary Vasconcelos:

Fracassou a Odeon no coquetel de Nat King Cole, exibindo o cantor como um peixe raro num aquário.

'Tribuna da Imprensa' - 23 Abril 1959 - Em Alta Fidelidade – colunista: Fernando Lobo

Tivemos exemplo de Nat King Cole gravando, em poucos dias, um disco de muitas músicas na Odeon. Trabalho intenso realizado por Aloysio de Oliveira, que é o culpado dos bons discos apresentados na nossa praça, o bom gosto e equilíbrio das capas e apresentação honesta das contracapas. Com ele, a Odeon cresceu e obrigou as demais a tomar tenência, se não quisessem ficar muito atrás na corrida. Mas a RCA Victor ainda não tomou juízo e é responsável pelos grandes  crimes musicais em gravações, uma vez que dá aos seus "cartazes" o direito de livre escolha. Vai daí que ela é culpada por essa invasão de bobagens em forma de música, que os cantores de mal.

Tribuna da Imprensa – 24 Abril 1959 - Em Alta Fidelidade - Fernando Lobo

Continua o velho costume de apresentar artistas de rádio na televisão, levando eles, os que cantam, a suas orquestrações de gravações ou de programas de rádio. O resultado é aquele mesmo... Logo que a orquestra em solo, a câmera procura assunto e vai sempre nas mãos do pianista, no arco do violinista, nas costas do maestro, ou mesmo no jarrão de flores artificais, na cortina ou num buraco de fechadura. E p'ra matar tempo, enquanto o artista olha p'ra cima, p'ra baixo, para o lado e dá um risinho sem-cor para o cameraman. Nat King Cole mostrou como devem ser as orquestrações e isso não tem nenhum mistério. Basta apenas suprimir solos de orquestra, pois assim ficamos livres das meias brancas do saxofonista de smoking e das mãos do pianista, que lembram filmes ingleses de muitos fantasmas.

Diário Carioca – 3 Maio 1959 - Antenas e Ondas – colunista: Nestor de Holanda

Quando da recente estada, nesta capital, de Nat King Cole, noticou-se fartamente que o astro colored havia gravado na Odeon um LP de músicas brasileiras cantadas em português. Essa gravação, porém, teria sido efetuada em sigilo. De fato, Nat king Cole ali compareceu, em companhia do técnico-de-som que o acompanha em sua excursão ao nosso país. Entretanto, podemos informar com absoluta segurança, que as gravações não foram realizadas. O técnico americano desaconselhou-o a efetuar as gravações programadas, por considerar obsoletos e tecnicamente imperfeitos os novos estúdios da Odeon, nesta capital, e que poderia vir a prejudicar, em nosso país, o prestígio do intérprete de "Mona Lisa". Assim, a Odeon se restringiu a gravar somente a parte instrumental dos números "Ninguém me Ama", "Suas Mãos", "Caboclo do Rio", "Não Tenho Lágrimas", "Andorinha Preta", "Fantástico" e mais alguns números em castelhano. A gravação da parte vocal será feita, em playback, nos estúdios da Capitol, em Hollywood.

O Jornal – 3 Setembro 1959 - Música Popular - Ary Vasconcelos.

Acaba de ser incluído no suplemento de outubro da Odeon - que deverá estar nas lojas lá pelo dia 20 deste mês, afinal a célebre gravação 78 rpm de Nat King Cole de duas músicas brasileiras: "Não Tenho Lágrimas" e "Suas Mãos", esta apresenta um curioso dueto de Nat com Sylvia Telles.

'O Globo' – 22 Outubro 1959 - O Globo Nos Discos Populares - Sylvio Tullio Cardoso. 

A Odeon lançou segunda-feira o novo LP Capitol de Nat King Cole, "A Meus Amigos", no qual interpreta vários números de música brasileira, com Sylvia Telles e o Trio Yrakitan.

In 1958, Cole went to Havana, Cuba to record 'Cole Español' an album sung entirely in Spanish. The album was so popular in Latin America, as well as in the USA, that two others of the same variety followed: A Mis Amigos (sung in Spanish and Portuguese) in 1959, and More Cole Español in 1962. A Mis Amigos contains the Venezuelan hit "Ansiedad," whose lyrics Cole had learned while performing in Caracas in 1958. Cole learned songs in languages other than English by rote.

After the phonetically overdubbed approach to Nat King Cole's first Spanish-language album, 1958's 'Cole Español', this follow-up took a more authentic tack. In the middle of a South American tour in 1959, Cole recorded 'A Mis Amigos' (To My Friends) in Rio de Janeiro, backed by Trio Yrakitan, a band of Brazilians. Although Cole's heavy gringo accent pervades--gratingly so on the "Fantastico" [sic]--this record far outshines its predecessor, with the lion's share of the credit due to the native musicians and Cole's proximity to them in the studio.

"Nadie Me Ama" ("Nobody Loves Me") benefits from bright horns--which adorn a number of these songs--and lovely backing vocals. This re-issue also includes "Ninguém me ama," the Portuguese version.

Among other songs seeing CD release for the first time here, "Tu eres tan amable" ("You Are So Kind") rides the swells and pizzicatos of a spirited string ensemble, "Amor" translates Cole's famous "L-O-V-E," and three songs--"Come Closer to Me," "Lisbon Antigua," and "Come to the Mardi Gras"--constitute the album's only English offerings. All told, A Mis Amigos comes across as sufficiently ragged, eclectic, and sincere that one can almost believe it was truly recorded with the enjoyment of friends as its top priority. --Jason Kirk

EMISSORAS DO INTERIOR em REDE para retransmissão dos shows de NAT “KING” COLE diretamente do TEATRO PARAMOUNT:

1. Radio Clube de Sorocaba
2. Radio Atlantica de Santos
3. Radio Clube de Ribeirão Prêto
4. Radio Clube de Rio Claro
5. Radio Clube de São José dos Campos
6. Radio Publicidade de Campinas
7. Radio Novo Horizonte
8. Baurú Radio Clube
9. Radio Cultura de Araraquara
10. Radio Difusora de Piracicaba
11. Radio Cultura de Poços de Caldas-MG
12. Radio Cacique de Taubaté
13. Radio Cultura de Araçatuba
14. Radio Difusora de Itapetininga
15. Radio Clube Ararense
16. Radio Difusora de Lucélia
17. Radio Clube de Marília
18. A Voz do Sertão de Presidente Prudente
19. Radio Clube Hertz de Franca
20. Radio Barretos
21. Radio Tupã
22. Radio Jahuense
23. Radio Clube de Birigui
24. Radio Clube Imperial de Taquaritinga
25. Radio Difusora de Junqueirópolis
26. Radio Transmissora de Valparaíso
27. Radio Iracema de Sobral-CE
28. Radio Tigui de Curitiba-PR
29. Radio Difusora de Apucarana-PR
30. Radio Arapongas-PR
31. Radio Sociedade do Norte do Paraná
32. Radio Sociedade de Cornélio Procópio-PR
33. Radio Difusora de Jacarezinho-PR
34. Radio Difusora de Triangulina-MG.

Nat King Cole & Eartha Kitt in the set of 'St. Louis Blues'

M A R I A   C O L E     * 1 9 2 2     + 2 0 1 2

Nat King Cole and wife Maria. 

Maria Cole, singer and wife of Nat King Cole, dies at 89

by Daniel E. Slotnik for The New York Times
13 July 2012.


Maria Cole, a jazz singer who performed with Count Basie and Duke Ellington in the 1940s and who was married to Nat King Cole for 17 years until his death in 1965, died on Tuesday in Boca Raton, Fla. She was 89.

The cause was stomach cancer, her daughter Timolin Cole Augustus said. Mrs. Cole was also the mother of the Grammy-winning singer Natalie Cole.
Mrs. Cole grew up in genteel circumstances in North Carolina, then left college in Boston to pursue a jazz career, moving to New York and joining Benny Carter’s band. She performed with Count Basie and Fletcher Henderson before Ellington heard a recording of her throaty, resonant voice in the mid-1940s and hired her as a vocalist for his band, Duke Ellington’s Orchestra. In 1946 she began appearing solo at Club Zanzibar in Harlem as an opening act for the Mills Brothers.

One night the Nat King Cole Trio had substituted for the Mills Brothers, and as Mr. Cole stood backstage and glimpsed her as she sang, he was smitten. He divorced his first wife, Nadine, and they were married in 1948 by Adam Clayton Powell Jr., the congressman, at the Abyssinian Baptist Church in Harlem.

“Nat wanted to improve himself,” Mrs. Cole told The Boston Globe in 1989. “I wanted to help him improve. What he needed, I had. What I needed, he had. That’s why our marriage worked.”

Mrs. Cole paused her career to raise their five children and travel with her husband as his career flourished. His string of hits included “Unforgettable,” “Candy” and “Mona Lisa,” and he became the first black host of a national variety show on television, “The Nat King Cole Show,” which ran from 1956-1957.

On tour they risked and sometimes encountered racial violence in the Jim Crow South; Mr. Cole was attacked onstage in Alabama in 1956.

Before Mr. Cole died of lung cancer, at 45, Mrs. Cole had returned to singing, recording songs with her husband with Capitol Records, according to her family. Her best-known solo album, “Love Is a Special Feeling,” was released in 1966.

Marie Frances Hawkins was born in Boston in 1st August 1922.

Her father, Mingo Hawkins, was a postal worker; her mother, Caro Saunders, died in childbirth when Ms. Hawkins was 2. Ms. Hawkins and her sister Charlotte were sent to North Carolina to live with their aunt, Dr. Charlotte Hawkins Brown, who founded the Palmer Memorial Institute, a prestigious black preparatory school near Greensboro. She graduated from the institute in 1938.

Ms. Hawkins returned to Boston to attend a clerical college but began working with a jazz orchestra by night and soon dropped out to pursue her love of music in New York, much to the chagrin of her family, who thought jazz an inappropriate vocation for a proper young lady.

In 1943 she married Spurgeon Ellington (no relation to Duke Ellington), a member of the Tuskegee Airmen, the all-black unit of the Army Air Corps in World War II. He died during a training flight.

After Mr. Cole’s death, Mrs. Cole continued to record and perform, once on “The Ed Sullivan Show.” She also was the host of a talk show in Chicago and Los Angeles. A subsequent marriage ended in divorce.

In addition to her daughters Timolin and Natalie, and her sister Charlotte, Mrs. Cole is survived by another daughter, Casey Cole Hooker; and six grandchildren.

Jornal do Brasil de 15 Fevereiro 1965.
Nat King Cole Trio... Johnny Miller, Irving Ashby & Nat King Cole in January 1947.
Famed jazz musician Nat King Cole is photographed with former UCLA All-American Kenny Washington and Los Angeles Dodgers third baseman Jim Gilliam in 1959 for a three-inning pre-game play against the Dodgers. William Lanier/Ebony Collection.
Mr Cool.
Nathaniel Cole with Sidney Poitier at the Academy Award gala at Santa Monica Civic Auditorium on 8 April 1963.

12 comments:

  1. Que compilado espetacular! É realmente de encher os olhos. Perdi este link duas vezes, já, mas estou favoritando-o para não mais acontecer. Por favor, nunca tire-o do ar. Parabéns e muito obrigado pelo registro. Abraço.

    ReplyDelete
  2. Allef Raphael, obrigado pelas visitas e principalmente pelo comentário, já que é raro recebermos feed-back nesse sistema aqui. Só sairá do ar depois que eu morrer... Fiz questão de dizer que NAT KING COLE foi a MAIOR ATRAÇÃO internacional a se exibir no Brasil... nem QUEEN conseguiu bater o Nat em 1981... Queen encheu UM Maracanãzinho... o NAT encheu DOIS Maracanãzinhos... tá!

    ReplyDelete
  3. Formidável página! parabéns e obrigado por estas preciosas informações.

    ReplyDelete
  4. Obligado pela mensagem. Eh um prazer saber da sua apreciacao.

    ReplyDelete
  5. E onde foi tirada a foto com Ary Barroso beijando a face de Cole.?Alguém aí sabe?

    ReplyDelete
  6. a foto de Ary Barroso beijando Nat King Cole foi publicada na Revista do Radio. A data não é precisa, mas foi depois da morte dos dois grandes artistas. Ary faleceu em 9 Fevereiro 1964 e Nat King Cole em 15 Fevereiro 1965, um ano e 6 dias depois.

    ReplyDelete
  7. Absolutamente fabuloso. Um trabalho de pesquisa de inestimável valor para os admiradores de Nat, ou não, se é que existam, do Nat Rei Cole. Parabéns pelo presente q você deu ao Brasil

    ReplyDelete
  8. Obrigado pelo comentário, Jose Filho... apesar de eu só ter 10 anos de idade, e morar no interior do estado de S.Paulo, eu, assim que me mudei p'ra metropole comecei a pesquisar os cartazes internacionais que visitaram o Brasil a partir de 1957 e percebi, pelas reportagens que NAT KING COLE, como diz o nome foi REI... a tournee dele só foi igualada (não superada) por outra realeza... QUEEN (Rainha), já em 1981... Então eu fiz esse trabalho com muito amor e dedicação... Long live the King!!!

    ReplyDelete
  9. Que trabalho maravilhosa! Parabéns! Nestor de Holanda escreve que Nat não gravou os vocais no Brasil. Será verdade? Esse registro cita que Nat King Cole cantou na sessão de gravação do disco: http://apileocole.alongthehall.com/sessions/session1959.html#session2
    Será que existe a gravação em áudio de algum dos shows no Brasil? Gostaria muito que aparecesse... Se não estou enganado Zuza Homem de Mello foi técnico de som de algum dos shows de Nat em São Paulo, ele poderia ter gravado...

    ReplyDelete
  10. Nestor de Hollanda teve razão apenas parcial. Nat gravou as 4 gravações em Português nos estúdios da Odeon, no Rio de Janeiro. Há fotos de Nat junto com Marlene (q foi lá 'tietar') ...gravou 'Ninguém me ama' e 'Nadie me ama' com Sylvia Telles, e as outras com o Trio Irakitan...inclusive algumas '('Andorinha preta') que não couberam no album, e foram lançadas posteriormente. Sim, vc próprio respondeu sua pergunta... Zuza tinha as fitas...mas provavelmente vão 'desaparecer' pois ele já morreu. Um amigo, fã de Rita Pavone, certo dia, aproximou-se do Zuza, com interesse de ouvir as gravações da Pavone no Teatro Record em 1964...e o Zuza veio com uma conversa que tinha que ter autorização da Pavone etc. Enfim, ele se esquivou... No caso do Nat, autorização seria impossível...

    ReplyDelete